Um pouco eu penso em solidão.

Eu até penso em solidão, e quem não pensa?
Tem gente que diz que quem tem amigos não tem solidão, outros se referem ao amor próprio, à convivência com si mesmos, alguns até buscam em companhias noturnas o fim para a sua solidão, outros tantos até a procuram de vez em quando. Até mesmo Vinícius de Morais dedicou um soneto a tão famosa solidão.
Até o amor fala em solidão, quando se define sua beleza, por ser um "... solitário andar por entre a gente...".
A solidão é algo do mundo, próprio das criaturas humanas, que normalmente abandonam elas mesmas. Eu mesma já me abandonei várias vezes, e digo que há momentos onde eu não gostaria de ter minha companhia, até me pergunto se eu me sentiria menos sozinha se não habitasse em meu corpo, seria interessante filosofia.
Mas dentre tantas questões sobre solidão, acredito que a mais verdadeira é que às vezes nos falta um sentimento que nos preencha a alma, e acalme as ansiedades desse mundo. Algumas certezas tenho de que solidão é apenas um sentimento, não uma condição física que passamos.
Ser solitário, não é apenas ser só, é sentir-se só.
Quando encontramos na vida, alguém, ou algum sentimento (sim, por que as pessoas se diferenciam de sentimentos), que complete as arestas dos caminhos da nossa vida, mesmo estando em um poço escuro, sem água, sem ar, mas a solidão não atinge o nosso coração, pois é como se fossemos completos, e vivêssemos por inteiro, sem nos faltar pedaços de carinho e de atenção.
O que falta às vezes não é apenas receber sentimentos, e sim poder dar esses sentimentos as pessoas as quais nosso coração clama. Por vezes ele até grita dentro de nós de saudade... Mas a saudade também é complexa, assunto para outro post.
A solidão nos faz ser solitários. Eu já fui muito sozinha nessa vida, mas acredito que encontrei aquele sentimento que nos faz completos. É um sentimento que acalma aquele tipo de sentimento que paralisa a solidão.

[...]"A maior solidão é a do ser que nao ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana."

Vinicius de Moraes